quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Ainda vou morrer dentro de uma sala de aula, podem apostar nisso!

Segunda-feria passada foi um dia de cão no colégio à noite. Aliás, é na segunda onde tenho aulas em salas problemáticas. São salas que não deixam o professor dar uma aula do jeito que deveria. Eles simplesmente não querem, não tem interesse e tratam cada professor como se fosse um lixo. Aliás, essa é a realidade em todo o ensino público, não importa o período, eles são dissimulados, mal-educados, cínicos, alguns arrogantes, outros verdadeiros mentecaptos.

Na semana passada, eu tinha levado algumas experiências de eletricidade e magnetismo para fazer uma aula diferente. E não adiantou, eles não tem respeito nenhum à pessoa que está na frente deles, uma pessoa que gastou a própria grana para mostrar algo interessante, e alguns, principalmente da noite, começaram a zuar e estragar os experimentos.

E nesta segunda, lá estava eu tentando dar uma aula e eles não deixavam, gritos, risadas, batuques, celulares em volume alto, e principalmente tirando sarro e xingando este que está escrevendo(todas as salas). Sendo ser humano, acabei discutindo com uma das salas do terceiro ano. Saí muito nervoso e um deles teve a ousadia de falar bem alto: "Vocês professores, reclamam de barriga cheia..." Aí eu perdi a cabeça e falei o que devia e o que não devia, um verdeiro bate-boca. E a vontade de pular em cima de alguns era grande, enchê-los de porrada, mas me segurei. O resultado, para o meu lado foi ruim. Senti dores no corpo, uma tremedeira, palpitações e pensei que ia ter um enfarte. Fui para a aula seguinte e acabei não fazendo nada, apenas passei um texto para outra sala, com o meu corpo tremendo de muito nervoso.

Na última aula da noite, começei a ter tonturas, dor de cabeça. Sentei, fiz a chamada e de repente tudo apagou. Quando eu voltei a si, só tinha eu na escola, e a caseira lá embaixo me esperando para fechá-la. Ou seja, os alunos da última aula devem ter fugido da sala, e nenhum teve a caridade de avisar a direção que eu estava desmaiado. Na verdade, a direção e outros professores tinham ido embora sem se certificar se eu tinha ou não descido.

Sai do colégio cambaleando e cheguei em casa por volta da meia noite. Cai na cama e só acordei na terça, e neste dia nem fui trabalhar. Ninguém em casa soube do ocorrido, justamente porque eu não contei, já que vivo num inferno, como todos já devem saber. Ontem, quarta, dei aula normal na outra escola de manhã e à noite fui apenas dar uma aula no colégio. Entrei, fiz o que tinha que fazer e sai. Ninguém deu um pio, minguém falou nada, nenhum filho da puta veio me dizer sobre o que aconteceu comigo... Ainda bem, porque eu ainda estou muito ressentido, com muita mágoa e percebi realmente que aluno, direção, nenhum se importa com o professor.

Eu teria licença-prêmio para tirar e ficar três meses em casa, mas tenho receio de fazer isso, porque sei que se eu fizer, não volto mais para uma sala de aula do estado. Estou esgotado e a vontade de largar tudo é muito grande.

É assim que está a educação em São Paulo, e depois vem gente de fora dizer que somos vagabundos, e que ganhamos muito e reclamamos demais. Tiraram dos alunos a responsabilidade do estudo, pois com a progressão continuada todos são empurrados ano após ano, sem excessão. E ainda alardeiam um inclusão social falsa, que acaba piorando cada vez mais a aprendizagem real dos alunos, acabaram com a autoridade de professor, que hoje é apenas uma figura decorativa em sala, que ainda por acreditar naquilo que faz, é achincalhado o tempo inteiro.

Do jeito que está, a educação pública está indo para o fundo do poço e eu aconselho à vocês, pais, que façam um jeito de não colocar seus filhos na escola pública, um verdadeiro lugar onde se criam marginais. A Febem é aqui meus amigos.

E desculpem por algumas palavras ríspidas, pois eu ainda não consegui digerir o que me aconteceu na segunda.

Artigos recentes

Linkem me:

Related Posts with Thumbnails
Google