domingo, 9 de novembro de 2008

Uma semana de cão!

Essa foi uma semana de cão no colégio que trabalho. Sei que é domingo, mas eu tenho que compartilhar isso com vocês.
Tudo começou na segunda, eterna segunda que tanto odeio. Logo nesse dia tenho duas salas de 2ª série terríveis, sendo que uma delas não há condição de fazer um trabalho direito, todos os professores rezam pais nossos e aves marias para entrar lá.
Eu não sou religioso, mas sinto calafrios. Nessa sala que é pior, os professores são alvos de chacotas, ninguém respeita ninguém e nesse dia me atacaram duas bolas de papel. Eu ameaçei dizendo que ia me retirar da sala, quando uma voz, de menina ecoou pela sala: "Então sai logo", eu prontamente reuni meus materiais e sai indo direto para a direção. Resultado: o diretor suspendeu a sala, mas isso não adiantou, pelo que soube, no resto da semana as coisas continuaram as mesmas.

Nessa mesma semana, outra colega professora, de educação artística, levou um tapa na cabeça, talvez um "pedala robinho" de um aluno; um aluno em outra classe atirou a caixa do apagador no rosto de outro colega professor, também de educação artística; numa sala de 1ª série, atiraram uma bomba na aula da professora de química.
Isso sem falar na gritaria e quebra quebra que já são acostumados a fazer. A diretora colocou em cada sala um tipo de fechadura que só abre do lado de dentro, para evitar que a abrem de fora, parece que já arrancaram algumas em determinadas salas.

E para o governo tudo parece estar bem, a inclusão social está indo de vento em popa, pois a paz reina nas escolas e todos estão aprendendo com seriedade e muito interesse, o professor está feliz com o salário justo que recebe e todos os alunos são aprovados sem distinção.
E a mídia como sempre divulga tabelas e gráficos que mostram que a evolução do ensino está indo no caminho certo.

Em tempo, estou dando pulos de alegria, porque elegeram o Kassab(grande parte do professorado) e ele vai fazer do ensino da prefeitura, que sempre teve um estatuto sério e salário maior, a imagem e semelhança do estado. Já estou vendo gente arrependida, porque vão ferrar com os profissionais que acumulam cargos(que lecionam tanto no estado quanto na prefeitura).

Hoje é domingo, dia para lazer e descanso, mas eu tinha que compartilhar isso com vocês, e além do mais, é um dia na qual tenho tempo para escrever, agendar os posts, comentar e responder posts aqui e nos meus colegas. Adoro lecionar, mas se eu pudesse, largava tudo sem pensar. Não fiquei 5 anos numa faculdade para de repente passar a vergonha e humilhação dentro de uma sala de aula.

E ainda me dizem para fazer mestrado e trabalhar no ensino superior, já não tenho mais saco para aguentar uma sala de aula sendo professor, imagine sendo aluno. E um detalhe: o ensino superior, pelo menos aqui em Sampa, não é muito diferente do que acontece no ensino médio. Todos esses alunos que estão sendo empurrados anos após anos chegam nas faculdades com tanta facilidade, pois não há mais vestibular, e sim processo seletivo, e suas deficiências atravessam fronteiras.

Conheço colegas que lecionam em faculdades particulares que também já não estão mais aguentando essa leva de estudantes que foram promovidos automaticamente no ensino público, mas como essas instituições são verdadeiras fábricas de dinheiro, para elas pouco importa se o aluno tem base ou não,se aprende ou não, o que importa mesmo é que eles paguem, porque ensinar é apenas um mero detalhe e passar de ano é uma certeza.

Depois reclamam porque eu às vezes digo que me sinto como se fosse um verdadeiro palhaço. Aquele velho lema nunca foi tão claro e real: o professor finge que dá aula e os alunos fingem que estão aprendendo! Lamentável.

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