domingo, 15 de abril de 2018

Zuckerberg, Senado americano, Apple e anotações

Zuckerberg foi sabatinado nesta semana pelo senadores americanos sobre como o Facebook lida com os dados de seus usuários, e algo inusitado aconteceu: a revelação das suas anotações com críticas a Apple!

fonte: The Next Web, créditos: Comitê do Senado Americano no Judiciário
Na primeira audiência do presidente-executivo do Facebook, Mark Zuckerberg, na qual ele respondeu às perguntas dos senadores dos EUA sobre como a empresa lida com os dados de seus usuários, o fotógrafo da Associated Press Andy Harnik capturou algo que ninguém esperava ver de perto: as anotações de Zuckerberg para passar por essa provação.

Elas incluíam respostas prontas para perguntas sobre o cumprimento das regras gerais de proteção de dados da União Européia (General Data Protection Regulation ou GDPR), como "Não digam que já fazemos o que o GDPR exige", afirmaram as notas.


"Foto das anotações de Zuck, de @andyharnik da AP"

Também haviam respostas para outras linhas difíceis de questionamento sobre se o Facebook deveria ser dividido, já que poderia estar ficando grande demais para seu próprio bem, bem como se estava se transformando em um monopólio que não deixava escolha para os anunciantes. Mas, curiosamente, as notas também continham um golpe na Apple:

"Muitos relatos sobre aplicativos usando os dados da Apple, e que nunca viram a empresa notificar as pessoas."

É possível que isso se refira a um incidente que remonta a 2015, quando um malware que afetou dispositivos iOS com jailbreak detectou cerca de 250.000 informações de contas da Apple roubadas por hackers. E no ano passado, 22 pessoas na China (muitas das quais trabalhavam para empresas contratadas pela Apple) foram presas por roubar e vender dados sobre um número não especificado de clientes da empresa por cerca de US $ 7,3 milhões.

Esta nota é interessante porque destaca uma guerra de palavras entre Zuckerberg e o CEO da Apple, Tim Cook. Em uma entrevista com a Recode logo após o escândalo de privacidade do Facebook-Cambridge Analytica, Cook declarou que "não iria entrar na situação do Zuckerberg, porque os negócios da Apple não envolvem a monetização do cliente."

Zuckerberg observou mais tarde em uma entrevista com Vox que ele achou o argumento de Cook "extremamente simplista" e "nem um pouco alinhado com a verdade".

As notas de audiência do Senado de Zuckerberg também incluem um pouco sobre a importância de manter o mesmo padrão que a Apple nesse aspecto. Mas vale lembrar que as duas empresas não estão no mesmo negócio.

O Facebook confia em sua capacidade de coletar dados para ganhar dinheiro com a venda de anúncios, em sua capacidade de aumentar sua rede de usuários e em permitir que sua plataforma acomode desenvolvedores de terceiros que possam acessar alguns desses dados. A Apple está mais preocupada em vender os produtos que ela produz e investir continuamente em seu ecossistema de hardware, software e serviços on-line.

Embora Zuckerberg não esteja errado sobre o fato de que seria justo responsabilizar as empresas pelo vazamento de dados, o Facebook é culpado de um crime muito diferente do da Apple, se os números citados acima sobre os casos de roubo de dados da empresa de Cupertino estiverem corretos. Há muito que o Facebook precisa fazer para proteger a privacidade dos usuários, e jogar sombra em outras empresas não deve ter um lugar nessa agenda.

fonte: The Next Web

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