quinta-feira, 23 de outubro de 2008

As Eloás e os Lindembergs da vida

Apesar do triste desfecho que houve em Santo André, a quantidade de Eloás e Lindembergs que existem por aí é tremendamente enorme. Só onde moro posso detectar um monte, nos colégios que trabalho, então, é só o que se vê. E o que se faz? Nada.

Vivemos numa sociedade desestruturada que acaba erotizando tudo. Para se vender um chapéu há mulher pelada, qualquer movimento musical acaba privilegiando a bunda e o ato sexual, as novelas mostram sexo a todo momento, a moda acaba indo para esse lado ao fazer roupas cada vez mais provocantes, ou seja, como criar um filho ou uma filha diante de tudo isso?

Antes de tudo, não sou moralista, quem me conhece sabe que sou promíscuo, mas existem excessos que não dá para serem ignorados.

Quando se vê uma menina em seus 5, 6 anos dançando na boquinha da garrafa ou esse famigerado creu, e vendo que a família aceita porque acha bonitinho e engraçadinho, aí vemos a proporção que se tomou toda essa coisa.

Há meninas de de 9 a 13 anos com muito mais experiências do que muita mulher adulta, e ouço da boca de muita gente que isso é normal. Não foi isso que aprendi. São valores totalmente fora de sincronia.

Um pai, no colégio que trabalho, discutiu com um colega professor dizendo que a filha dele era livre para fazer o que ela quisesse, porque está na lei; tudo isso porque meu colega impôs uma regra para todos no tocante ao encadernamento de livros, e a filha não queria seguir. Agora que lei seria essa? O malfadado Eca? Ou a lei que impera a nossa sociedade, o de levar vantagem em tudo?

Faltam limites, responsabilidades, respeitabilidade, ética, valores... Tudo que uma pessoa deve ter para se viver numa sociedade. Hoje a moda é não mais seguir as regras e as leis, o negócio é fazer a coisa sem se importar se está ou não atingindo o outro, o que importa é a satisfação pessoal, tudo ao mesmo tempo agora(parafraseando Titãs).
O que fazer? Como fazer? De quem é a culpa? Perguntas difíceis sem resposta.

Em reunião no colégio assistimos um vídeo de um educador que falava sobre a violência e a transgressões dos jovens. Da falta da família, da falta de tudo que mencionei acima. E no final, onde está a solução? O palestrante não sabia. Depois de quase 2 horas de palestra, ansioso para ouvir uma solução, a decepção tomou conta de todos. Bem, eu realmente não sei, nem meus colegas sabem. Ninguém sabe. Diante disso tudo, quem somos nós para criticarmos nosso presidente quando ele falou que não sabia de nada se um doutorando da USP também não sabe?

Há milhares de Eloás e Lindembergs por aí e fechamos nossos olhos a tudo isso. E a hipocrisia e a mediocridade permanecem as mesmas.
(by A. J. Rosário - 22/10/2008)


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