domingo, 10 de setembro de 2006

Indignação com Ensino Médio e a burrice de alguns/Soluções para o Ensino Médio

Estive lendo os posts que muitos colocam nas comunidades que odeiam Física do Orkut, e fico arrasado com a burrice e a falta de informação das pessoas que lá postam.
Odiar tal disciplina eu até entendo, mas dizer que a Física não serve para nada, ou que ela é um amontoado de fórmulas inúteis aí já é falta total de discernimento.
Sabem por que a Física, e também a Matemática, aterrorizam os alunos? É por causa dos pré-requisitos (ops, não se pode falar nisso nessa nova pedagogia) que os mesmos que reclamam não possuem.
A dificuldade de leitura é enorme, e eles não compreendem o que estão lendo. Elas não sabem diferenciar um verbo de um substantivo, não sabem utilizar uma pontuação corretamente, e isso reflete no entendimento das leis físicas e nos enunciados.
A Matemática, então, nem pensar. Quando eu falo em sala que a maioria dos problemas da Física e da Química pode ser, em sua maioria, resolvidos com o emprego da regra de três, eles ficam olhando para a minha cara como se eu estivesse os ofendendo, pois não sabem e nem imaginam do que estou falando. Equacionar um problema ou uma situação deveria ser uma coisa comum para um aluno de ensino médio, já que ele trabalha isso e muito no fundamental. Certo? Ledo engano, com essa nossa política educacional, o aluno chega ao ensino médio totalmente despreparado.
Nessa seman, escutei num telejornal que o conhecimento de um aluno de 8ª série no Brasil equivale a de um aluno na 4ª série em países desenvolvidos, e algo que não é uma surpresa: o desempenho dos nossos alunos em olimpíadas internacionais é sofrível.
A causa disso? Nosso sistema educacional (de novo). Eu sei que agora virou agora um lugar comum falar que tudo é culpa do sistema, mas nesse caso, isso não deixa de ser verdade.
Não existe mais repetência, o aluno não tem mais limites e responsabilidades. A progressão continuada, que em sua idéia original era até interessante, foi deturpada e a cada ano que passa, os alunos são empurrados e saem da escola sem saber ler e escrever. E ainda, os especialistas da educação falam mal do sistema tradicional, conteudista, mas pelo menos lembro que tínhamos perspectivas e sonhos, tínhamos direitos, mas também sabíamos de nossos deveres.
Hoje, você pode pegar qualquer aluno de ensino médio e perguntar sobre suas expectativas, e você verá um aluno totalmente alienado e sem noção nenhuma do que ocorre a sua volta, um aluno totalmente sem perspectivas. Mas tem uma coisa que ele faz que nós não fazíamos: questionar para que serve isso ou aquilo, para que aprender tal coisa se ele não vai usar isso na vida. Alias, só sabem questionar, mas compreender que tudo tem uma razão de ser, isso eles não fazem. O importante nesse novo mundo é viver o presente, e o futuro, bem, quando chegar, resolve-se na hora. Há também uma cultura do ter (que é normal num mundo capitalista), logo a educação fica sempre em segundo plano, como dizem alguns incautos: a educação não enche a barriga de ninguém... Lamentável.
Somam-se a isso: salas de aulas lotadas, alunos de várias classes sociais juntos fazendo com que o ensino seja nivelado por baixo, número de aulas excessivas que o professor tem que pegar por causa de um salário ínfimo e miserável, a própria desunião que há entre os professores e suas classes sindicais, etc, etc, etc!
Será que tudo isso tem solução? Claro que tem. Basta que nossos governantes e entidades de classe esqueçam suas rivalidades e suas sedes de poder. Que todos comecem a ver que a Educação é a mola mestra de uma nação e comecem a pensar a curto e a longo prazo a necessidade de se criar uma legislação coerente que possa ser cumprida. Mas infelizmente, isso é Brasil. É utopia pensar nessas coisas.
Mas, voltando ao assunto do início, o que me resta a dizer como professor, quando um aluno me pergunta pra que existe Física é o seguinte: Sem as teorias e leis físicas, não haveria toda essa tecnologia que está a sua volta, tais como celular, computador, avião, televisão, etc, etc... Porque tudo isso surgiu da curiosidade que o homem teve e ainda terá para desvendar os mistérios que envolvem a natureza.

Solução para o Ensino Médio

Eu tenho uma solução para melhorar o ensino médio e que talvez possa ser uma volta ao que já havia, ou seja, dividi-lo em categorias, tais como: Acadêmico e Profissional.

O Ensino Médio PROFISSIONAL seria o Técnico, onde o aluno estudaria por 3 anos, e sairia com um diploma de técnico naquilo que fez, e portanto já partiria para o mercado de trabalho. O primeiro ano ele teria as matérias normais e a partir do segundo, apenas as técnicas na área que escolhesse, tendo uma carga horária de 5 aulas por dia.

O Ensino Médio ACADÊMICO teria por função preparar o aluno para o ensino superior. Seriam 4 anos. Dois anos com as matérias normais, e os outros dois anos mais focalizados na sua área de escolha: Exatas/Biomédicas e Humanas. A cargas horária seria maior com 6 aulas por dia.

Isso acabaria com os problemas que mostrei no post anterior. Não haveria classes heterogêneas e superlotadas, e o aluno interessado numa carreira acadêmica não seria prejudicado por aqueles que não tem como meta, o ensino superior. O aluno do profissional já sairia para o mercado de trabalho, e caso quisesse ir para uma faculdade, teria que fazer mais dois anos de equivalência. Caso um aluno queira ter os dois diplomas, profissional e acadêmico, ele poderia cursar os dois concomitantemente. Aí nesse caso, ele poderia estudar em dois turnos ou fazer cinco anos de curso, pois, já estar fazendo o acadêmico, só faria depois as matérias técnicas.

Para que isso aconteça, deveria haver um grande investimento na educação, equipar as escolas com laboratórios, contratar mais professores, remodelar os currículos, talvez até unir as escolas técnicas com as normais que já existem.

E é um trabalho a longo prazo. Será que o governo se habilitaria?

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