Eu, um cara como qualquer um, tinha em mente uma coisa: não era o tipo dela e sabia que nunca teria nada mais além do que a amizade. Em sendo assim, procurei cultivar os momentos que tinha ao lado dela, seja ajudando num trabalho escolar, ou apoiando-a em qualquer decisão tomada por ela.
Seu gosto por homens era um pouco duvidoso, sempre arranjava alguns espíritos de porcos para namorar e nunca dava certo. Os caras que ela namorava tentavam prendê-la de tal maneira que não percebiam que essa menina nasceu para voar, ser livre e fazer o que der na telha. Seus relacionamentos eram curtos, e ao fim de cada um deles, lá estava o meu ombro amigo para consolá-la. Já estava conformado com isso. Isso era o máximo que eu chegaria ao lado dela.
A coisa começou a mudar quando num determinado dia, eu estava voltando da faculdade e presenciei uma discussão entre duas pessoas no outro lado da rua. A briga começou dentro do escort vermelho e de lá sairam duas pessoas. Imediatamente percebi quem era uma delas. Andréia estava discutindo com um cara, e o indivíduo, bem mais alto que eu, começou a segurá-la fortemente pelo braço, apontando em riste o dedo indicador na direção de seu rosto. De repente o barulho de um tapa no rosto ecoou fortemente e eu não me contive. Covarde é o cara que bate numa mulher, importa qual o motivo. Parti para cima do cara e a porrada comeu solta. A única coisa que lembro daquela noite era eu com a cabeça no colo da Andréia, que estava sentada ao lado de um muro na calçada, e ela me acariciava de tal maneira que parecia que eu estava no paraíso. Desse dia em diante, Andréia começou a me olhar diferente. E aconteceu aquilo que eu mais queria no mundo. Nosso primeiro beijo aconteceu debaixo da varanda da casa dela. Como um conto de fadas, eu tinha sido o cavaleiro que havia salvado a mocinha do cara malvado. E que no final das contas, o herói tinha ganho o dia.
Nos dias que se seguiram, eu era o assunto do momento. Eu tinha conseguido algo que muitos sonhavam e passei a ser o cara, propriamente dito. E eu então? Estava vivendo nas nuvens. Passei a me sentir como o Super-homem, ao lado de seu grande amor, Lois Lane!
Mas infelizmente esqueci com quem eu estava saindo. Apesar dos incríveis momentos juntos, sabia que a Andréia era uma pessoa muito independente. Eu mais do que ninguém, sabia que nosso relacionamento não seria muito longo, e já estava me preparando para isso.
Era um sábado a noite, tínhamos planejado sair para ir ao cinema, depois dançar, e quem sabe o que mais. Ao chegar na sua casa percebi que ela estava muito estranha, ela tinha me dito que estava com dor de cabeça e que queria ficar em casa sozinha. Tudo bem, eu pensei, perguntei se ela queria que eu ficasse com ela e ela me disse que era para eu me divertir e sair com os meus colegas. Até aí, compreendi, as vezes precisamos ficar só, e ela me deu um sorriso e um beijo e nos despedimos.
Saí então com mais quatro colegas e fomos para um barzinho. Enquanto a cerveja rolava, ao fundo um som maneiro, rock da melhor qualidade, Deep Purple, Led Zeppelin, Iron Maiden entre outros; muitas piadas e muita descontração, uma balada típica de sábado a noite.
Estávamos no parapeito do 1º andar do barzinho, e da nossa mesa tínhamos a visão da rua, especialmente eu, que podia ver o que estava rolando do outro lado. De repente, um escort vermelho para e pude ver aquele cara com quem tinha brigado, saindo dele e junto uma garota que de inicio, não pude ver quem era, mas depois, enxergando melhor o vestido vermelho que ela usava, percebi quem era. Aquele vestido eu tinha dado a ela na ocasião de seu aniversário, e que combinava perfeitamente com aquele corpo de deusa. Uma lágrima teimosamente tentou escorrer pela minha face, mas que prontamente impedi.
Eu me virei na direção de meus colegas, chamei o barman e pedi mais cerveja, fritas, e assim a noite rolou adentro, pois como já dizia um certo apresentador de TV, a noite era apenas uma criança... E ela só estava começando!
Esse post faz parte do Blogueiro Repórter, idealizado por Edney Souza, o mago da blogosfera brasileira.
(by A. J. Rosário - 07/05/2008)