quarta-feira, 20 de agosto de 2008

A pracinha perto de minha casa

Que saudades da pracinha perto da minha casa. Quando criança eu brincava no escorregador, na balança, na gangorra e em vários outros brinquedos que lá havia. Tinha área reservada para brincar e a área com muita grama, verdinha, robusta, que era proibido pisar, e nós respeitávamos!

E nessas áreas de grama, havia árvores, bem cuidadas, que na primavera florescia dando um tom colorido a aquela pracinha aconchegante.
As pessoas idosas passavam horas lá sentadas, alimentando os pombos, lendo algum livro ou jornal, e até mesmo tiravam uma cochilada.

Eu cresci, e aquela pracinha da minha infância foi desaparecendo. Com o tempo, algumas árvores foram sendo cortadas, as áreas de grama foram diminuindo, dando lugar ao concreto. Os brinquedos que lá havia, por falta de cuidado foram se enferrujando, tornando-se um perigo para todos que lá freqüentavam. E assim, a pracinha deixou de ser um local adorável, aconchegante, para dar lugar a um local assustador, tenebroso e sujo.

O tempo passou, eu já adulto, observava sempre as mudanças que lá ocorriam, e sempre em época de eleição. Retiraram toda a grama, ou o que sobrou dela e no lugar preencheram de areia. Construíram uma pista de skate e até um coreto. E no resto cimento puro. O coreto servia para que políticos viessem e dessem seus recados, para que certas igrejas realizassem seus cultos e aqueles shows esporádicos de música duvidável.
Do jeito que estava, não teve jeito, a prostituição começou a rolar solta, traficantes durante a noite começaram a fazer seus negócios, e tornou-se um perigo passar por lá, pois o número de assaltos cresceram.

E os mendigos? Fizeram da praça seu banheiro público, adotando o coreto como moradia. Alguns até mantinham relações sexuais ao ar livre. A saudosa pracinha virou um verdadeiro lixão.

Há pouco tempo construíram algumas mesas com assentos feitos de concreto, numa nova reformulação, com o objetivo de oferecer um lugar para os idosos descansarem e jogarem suas cartas. Mas o que se viu era que desocupados e cachaceiros começaram a freqüentar. As brigas eram constantes.

E a pista de skate? Um verdadeiro desperdício de dinheiro, pois o objetivo era para as crianças brincarem (por causa do tamanho), mas também começou a ser ocupadas por marmanjos de barba, todos de procedência duvidosa, que dava medo até de olhar para eles. E só para constar, a pista não oferecia condições nenhuma de segurança. Dava um frio na barriga ver skates voando e crianças rolando ladeira abaixo.

Há pouco, uma nova reformulação foi feita (é ano de eleição, é claro!).O coreto foi derrubado, a areia e o concreto foi retirado, colocaram aqueles brinquedos que um dia fizeram a minha alegria de infância, colocaram várias áreas de grama verdinha, e construíram algumas passarelas. Mas nada que lembre a pracinha que um dia existiu no passado. E isso não durou muito, hoje vemos que ela continua largada. A grama praticamente desapareceu, o que resta é terra, que em dias de chuva provoca uma lama que escorre por todo lugar. Os brinquedos não estão sendo cuidados e a pista de skate continua sendo um perigo e ponto de encontro de marginais.

Ela continua sendo um local perigoso para se freqüentar a noite, mas toda vez que passo por ela, lembro da minha infância, e dos dias felizes que lá vivi, da namoradinha mais alta do que eu, na qual eu tinha que subir num banquinho para beijá-la ( e ser o alvo das gozações).

Uma coisa permanece lá inalterada durante esses mais de trinta anos, a banca de jornal, onde eu compro jornal e as revistas de super heróis (vício que não consigo largar) . É a lembrança que restou de um passado bem mais simples e inocente, daquela pracinha perto de minha casa...
(by A. J. Rosário - 12/08/2008)

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