quarta-feira, 17 de março de 2010

Um filme indiano, prato cheio para certas vacas sagradas!

Em algumas escolas da prefeitura e do estado,tem rolado nas reuniões de professores um filme indiano* que fala sobre um menino, em seus 8 ou 9 anos, que tem uma dificuldade de aprendizagem e que mais tarde é diagnosticado como um disléxico, por um professor substituto cujos métodos de ensino diferem do tradicional que foi apresentado quando o menino estava na escola pública e depois acabou sendo levado pelos pais para um colegio interno.

Para pessoas sensíveis, o filme é realmente um dramalhão que faz à todos chorarem, ao presenciar a dificuldade do garoto em entender comandos mais simples dados tanto pelos pais quanto pelos seus professores.

O filme é um prato cheio para que certas vacas sagradas** possam despejar seus conhecimentos pseudo-pedagógicos em cima de professores que, de acordo com o governador do estado, não sabem dar aula, são incompetentes por tirarem zeros nas avaliações de mérito e pelo péssimos resultados que os alunos tiveram no Saresp. A maioria dessas vacas pedagógicas nunca entraram numa sala de aula ou se entraram, acabaram logo galgando degraus dentro da diretoria de ensino.

Em primeiro lugar, o filme mostra com o referencial no menino, a dificuldade que ele sentia em entender as operações mais simples e o modo de como ele enxergava seus professores e o mundo em volta dele, que não parecia se encaixar em seu próprio mundo. Em sendo assim, é claro que o filme emociona, pois pega muito pesado nestas questões.

O problema é que o filme quer passar que toda a sociedade está errada e que a situação do moleque deveria ser entendida por todos... Hellooooo! Calma aí, nenhum professor sabe como lidar com essa doença, que é um tipo de retardamento mental. Não somos preparados para isso. Estudamos para lidar com alunos normais.

Desculpem a minha insensatez, mas colocar uma criança com esse histórico no meio de uma classe com mais de 40 alunos, só estará prejudicando mais e mais ela, pois temos a tendência de empurrá-la anos após ano, e nenhum resultado bom pode acontecer. Crianças especiais tem que ser tratadas em locais adequados, com profissionais que saibam como lidar com esses problemas.

Todos sabem o quanto odeio o jeito que a palavra inclusão é colocada aqui e ali. Não funciona. Eu mesmo NÃO sei como lidar com esse tipo de aluno (nem meus colegas), e só me resta ficar dando nota para ele passar, essa é a pura realidade. Querem me malhar? Os comentários estão logo abaixo.

Esse filme parece que não passou em nenhum cinema por aqui e nem foi lançado em DVD, a ironia é que ele foi e está sendo baixado da internet por vários coodenadores das escolas paulistas... Uau, estão comentendo um crime de violação dos direitos autorais(nome chique!).

Bem, eu dormi nas reuniões em que esse filme foi passado, nem sei qual é o seu fim e nem quero saber. O que mais me importa é saber se o governo vai rever e mudar essa malfadada legislação educacional que acabou com o ensino em São Paulo. Acabando com a reprovação e no fim, chamando à todos nós de incompetentes, isso sim é o fim da picada.

* Pesquisando na Internet descobri que o nome do filme é "Taare Zameen Par - Every Child is Special (Como Estrelas na Terra - Toda Criança é Especial)", produzido e dirigido por Aamir Khan, um diretor indiano que recebeu o maior prêmio do cinema indiano, o Filmfare Awards. o filme foi lançado no final de 2007.

** O termo "vaca sagrada" peguei emprestado por um colega de português que relaciona as pedagogas da secretaria da educação com as vacas, deusas intocáveis lá na Índia. Qualquer outro entendimento é por sua conta e risco.

Artigos recentes

Linkem me:

Related Posts with Thumbnails
Google